No próximo domingo (29/01) comemora-se o Dia Mundial de Combate à Hanseníase, instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com o objetivo de conscientizar a população e informá-la sobre os perigos da doença e a importância do cuidado precoce. A data é lembrada sempre no último domingo do mês de janeiro e busca ainda reforçar que, apesar de ser uma enfermidade bastante antiga, a hanseníase ainda está presente na sociedade fazendo muitas vítimas, em especial nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae. Apresenta múltiplas formas, que manifestam-se por diferentes tipos de lesões na pele. A característica mais importante dessas lesões é a diminuição da sensibilidade nas mesmas, devido ao acometimento de terminações nervosas livres e/ou troncos nervosos. É transmitida pelas vias aéreas (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro) por pacientes considerados bacilíferos, ou seja, sem tratamento — aqueles que estão sendo tratados deixam de transmitir. Além disso, muitos pacientes não transmitem a doença mesmo sem tratamento, e a maioria das pessoas tem resistência contra o M. leprae.
“É fundamental que a doença seja reconhecida precocemente, o que pode diminuir sua transmissão e o desenvolvimento de formas graves. É importante ressaltar que a hanseníase tem cura, quanto mais cedo diagnosticada mais rápida será a recuperação e as sequelas poderão ser evitadas”, explica o dermatologista responsável pelo Ambulatório de Hanseníase do HUPES, Dr. Paulo Machado. “Ainda enfrentamos muito preconceito quando falamos de Hanseníase, é preciso informar melhor a população não só para que se atente aos seus sintomas, mas também para que saiba acolher o paciente com a enfermidade. Lepra é um nome carregado de preconceito e inadequado”, reforça.
O diagnóstico da doença é clínico e pode ser complementado pela pesquisa do bacilo na pele. Caso o tratamento seja tardio, podem ocorrer sequelas e incapacidades físicas. Os medicamentos e a assistência médica são fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Mais dados
Apesar dos avanços na diminuição do número total de casos da doença em alguns estados (devido ao encurtamento do tempo de tratamento e alta mais rápida), o número de casos novos continua sem alterações. Preocupa o fato de que muitos pacientes somente são detectados em campanhas para diagnóstico, o que indica haver uma grande quantidade de doentes sem diagnóstico e ausência de controle da endemia. Além disso, os números divulgados pelo Ministério da Saúde em 2015 conferem ao Brasil dois títulos perversos: o único país do mundo que não conseguiu eliminar a doença (menos de 1 caso para 10.000 pessoas) e o que concentra mais casos novos dela a cada ano. Há ainda uma alta prevalência em alguns estados: Mato Grosso, Pará, Maranhão, Tocantins, Rondônia e Goiás são as áreas com maior risco de transmissão, concentrando mais de 80% do total de casos diagnosticados. Isso significa que a hanseníase está associada a desigualdades sociais, pois afeta principalmente as regiões mais carentes do mundo.
No HUPES o ambulatório dedicado à hanseníase funciona todas as segundas-feiras à tarde. Os pacientes com a enfermidade ou com sua suspeita devem vir encaminhados pela regulação, através de um dos postos de saúde.
Com informação da SBD e Fundação Oswald Cruz.
Mais dados sobre a Hanseníase no Brasil: http://portalsaude.